quarta-feira, 4 de julho de 2007

Eu sabia...que tinha um problema com a matemática...




Poesia Matemática
Às folhas tantas

Do livro matemático

Um Quociente apaixonou-se

Um dia

Doidamente

Por uma Incógnita

Olhou-se com um olhar inumerável

E viu, do ápice à base

Uma figura impar

Olhos onbóides, boca trapezóide

Corpo octogonal, seios esferóides

Fez da sua

Uma Vida

Paralela à dela

Até que se encontraram

No infinito

"Quem és tu?", indagou ele

Com ânsia radical"

Sou a soma dos quadrados dos catetos

Mas pode me chamar de Hipotenusa"

E de falarem descobriram quem eram

_ O que, em aritmética, corresponde

A almas irmãs _

Primos entre si

E assim se amaram

Ao quadrado da velocidade da luz

Numa seta potenciação

Traçando

Ao sabor do momento

E da paixão

Rectas, curvas, círculos e linhas senoidais

Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidianas

E os exegetas do Universo Finito

Romperam as convenção newtonianas e pitagóricas

E, em fim, resolveram se casar

Constituir um lar.

Mais que um lar.

Uma perpendicular

Convidaram para padrinhos

O Poliedro e a Bissectriz.

E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro

Sonhando com a felicidadeIntegral

E diferencial

E se casaram e tiveram uma secante e três cones

Muito engraçadinhos.

E foram felizes

Até aquele dia

Em que tudo, afinal,

Vira monotonia.

Foi então que surgiu

O Máximo Divisor Comum

Frequentador dos círculos concêntricos.

Viciosos.

Ofereceu-lhe, a ela,

Uma grandeza absoluta,

E reduziu-a a um Denominador Comum,

Ele, Quociente, percebeu

Que com ela não formava um todo

Uma Unidade. Era um triângulo

Tanto chamado amorosa

Desse problema ela era a fracção

Mais ordinária

Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade

E tudo que era espúrio passou a ser

Moralidade

Como, aliás, em qualquer

Sociedade

Milôr Fernandes

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